ARQUIVOS SECRETOS DE JEAN-BAPTISTE WILLERMOZ E SEU REGIME ESCOCÊS RETIFICADO

 UM DISCURSO DE APRENDIZ COM ELEMENTOS DO MARTINISMO, DO MARTINEZISMO E DA FRANCO-MAÇONARIA

Regime Escocês Retificado e a Fênix como seu símbolo.

Um excelente texto de Jean-Baptiste Willermoz, que foi um dos principais discípulos de Martinez de Pasqually e fundador do Rito Escocês Retificado. O conteúdo deste texto traz elementos de três correntes distintas: da franco-maçonaria tradicional, da doutrina de Reintegração de Martinez de Pasqually e elementos filosóficos do próprio Martinismo.

O leitor que tiver conhecimentos dessas três sociedades humanas poderá compreender com mais profundidade a natureza do Regime Escocês Retificado e sua profunda conexão com o Martinismo, seja ele de origem, seja ele no pensamento vivo de Saint-Martin.

Leia estes arquivos com a máxima atenção para tirar deles as joias iniciáticas que contribuirão para a sua formação martinista ou maçônica.

Charles Lucien de Lièvre

A NUVEM SOBRE O SANTUÁRIO É UMA DAS OBRAS MAIS FUNDAMENTAIS PARA A COMPREENSÃO DO MARTINISMO

Esta obra de Karl von Eckartshausen é um dos livros mais

A Nuvem sobre o Santuário de Karl von Eckartshausen

fundamentais para a compreensão do Martinismo, porque diferentemente do Filósofo Desconhecido, este teósofo alemão emprega uma linguagem bem mais simples e acessível a qualquer um que queira compreender a doutrina de Saint-Martin. Saiba mais em:

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ARQUIVOS SECRETOS

(Lyon – Ms 5921-10)

DISCURSO DE APRENDIZ

Discurso sábio e muito iluminador para a admissão de um aprendiz franco-maçom, admitido na Itália, originário da Alemanha, 1780.

(Nota de J.B. Willermoz colocada no verso do discurso.)

A Maçonaria é um segredo que subsiste desde que o mundo foi criado.

A FÊNIX COMO SÍMBOLO DO REGIME ESCOCÊS RETIFICADO

Este segredo foi transmitido de geração em geração até nós, e assim será até o fim dos séculos. Este segredo não é somente impenetrável aos profanos, ele será também para os maçons relaxados, preguiçosos e levianos; ser maçon é, pois, buscar sinceramente o merecimento de ser iniciado em nossos mistérios.

Para se ter uma ideia dessa busca, é preciso ser guiado; a natureza se encarrega de nos inspirar este sentimento. Cada homem nasce com o desejo de ser feliz, cada homem nasce com o desejo para a virtude. Mas, a natureza sozinha não basta para aperfeiçoar o homem, ela bem o sabe, e ela própria o excita a consultar a razão. Esta o admite e lhe dá todos os cuidados; ela não recusa nunca aqueles que a ela se entregam.

Do concurso dos cuidados ou das impressões da natureza e da razão se forma a educação. A educação de dois tão excelentes guias só pode produzir o perfeito. A perfeição no homem é o amor pela justiça; nosso terceiro guia será, então, a sabedoria.

A natureza, a razão e a justiça querem a felicidade do homem, não somente na outra vida, mas nesta aqui mesmo. Tudo o que existe foi criado para o homem, é preciso, então, que ele tire partido disso, mas ele só deve a título de graça: sua potência é apenas um depósito, ele apenas usufrui dela, ele não pode se crer o proprietário. É preciso, então, fazer valer este ponto de partida, ele deve regozijar-se de suas vantagens, porém, não pode se apropriar delas. Ele deve estar sempre pronto a renunciá-las e não mais enxergá-las como seu bem exclusivo.

Com a vida, o homem recebeu o livre-arbítrio, isto é, que foi colocado entre o bem e o mal aos quais ele é livre para escolher. A ele foi permitido ver toda a felicidade que ele deve retirar seguindo o bem que já conhece e é ameaçado com os mais cruéis tormentos se entregar-se a um inimigo perigoso que também lhe é mostrado. Aqui, o ímpio cria a injustiça porque quer seguir este último caminho; o justo, ao contrário, abençoa seu Criador que, por isso, dá ao homem a categoria acima dos anjos. Tanto o justo quanto o ímpio tem seu livre-arbítrio, por que então este contraste?

É que a presunção se desliza no homem com o auxílio dos conhecimentos que adquire, se ele não tiver o cuidado de dirigi-los ao único objetivo para o qual eles lhe foram dados. Ele toma uma falsa rota; caminha sobre ela com segurança. Seduzido pela aparência, ele se abandona inteiramente à linguagem bajuladora de seu inimigo que busca unicamente a sua ruína, ciumento que é da superioridade de haver sido suplantado.

NESTA COLETÂNEA DE FRASES DO FILÓSOFO DESCONHECIDO, VOCÊ TERÁ UMA PERCEPÇÃO GERAL DE SUA DOUTRINA

Trechos e frases extraídos de diversas obras do Filósofo Desconhecido que nos

Coletânea de Frases do Filósofo Desconhecido de Charles Lucien de Lièvre

dá uma visão geral do pensamento vivo e da doutrina que ficou conhecida no mundo com o nome de “Martinismo”. O autor que criou esta Coletânea fez questão de incluir um Suplemento Prático, uma vez que o Martinismo deve sempre andar em paralelo com a prática, caso contrário, corre-se o risco de compreendê-lo apenas de maneira superficial. Saiba mais em:

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Uma vez que o homem tiver perdido de vista a verdadeira luz, ou que, impulsionado por uma curiosidade criminosa, quer servir-se daquela que lhe foi dada para ultrapassar os limites que lhe foram prescritos, não é mais necessário cair de erros em erros, ele percorre espaços imensos, sua presunção lhe faz enxergar tudo como meios de chegar aos fins a que se propõe. Este fim é a própria verdade ou felicidade, mas privado por seu erro da chama que ele deixou para trás, ele murmura por que as trevas o impedem de ver o que ele busca, não encontra nada de semelhante, pelo contrário, todos os tipos de sofrimentos, e existem três deles para o homem. O remorso e a confusão o invadem. Ele já viajou muito, já trabalhou muito, porém, enquanto permanecer neste caminho, nada encontrará.

É tão somente após estar esgotado e cansado de tantas buscas inúteis, após um objetivo infinito tão malempregado, após ter varrido todas as fatigas do corpo, da alma e da mente que, enfim, retornando à primeira tendência para a verdade, o bom e o belo, abjuramos nossos erros, sacudimos nossos preconceitos e retornamos novamente à nossa caminhada com o auxílio da perturbação de nossa consciência. É o grito de nossos guias benfeitores que se fazem ouvir imperiosamente; são eles que buscam sem cessar a retomada de seus direitos sobre o homem.

Mas, para encontrar a verdadeira felicidade, é necessário que ele se submeta, que ele se resigne, que sofra a morte e a privação de tudo aquilo que possuía. E que se submeta ao castigo bem merecido por sua revolta, o homem ingrato e perverso obtém sua graça, quando só esperava por sua aniquilação. Quem é esse amigo generoso que intercede por ele? É seu Criador, é a própria sabedoria que se exige do homem? Nada mais que as consequências necessárias de seu pecado: a vergonha, o remorso, o trabalho, a dor e os Males. A partir do instante em que o homem volta para si mesmo, encontra aí esse raio de luz que todos receberam, se ele realiza esse exame com o desejo sincero de conhecer-se, de conhecer seu autor e a perpendicularidade que os une, se o desejo o conduz a uma prática mais regular daquele que já conhece seus deveres. Se, ao contrário, o desencorajamento e espanto inútil não forem a consequência, ele for constante com a sinceridade, com a constância e com o fervor, o homem se servirá utilmente deste luar para chegar à grande Luz. Porém, não esqueçamos que esta recompensa deve ser o fruto de uma longa e penível viagem, que uma vez já tornados por ela indignos, só nos será dada sob garantias e sob as provas mais autênticas de nossa fidelidade, de nossa prudência e de nossa submissão.

Até aqui o homem que nós consideramos não está nem nu nem vestido, ele não sabe ainda precisamente se desvincular de si mesmo, ele não consegue conciliar suas tendências e suas faculdades, ele se assusta com sua liberdade, ele se compara; a fidelidade, o amor e a confiança lhe são ordenadas, ele se submete a elas, e seu arrepender-se, sua penitência, e seu voto são dignos de sua graça. Ele é conduzido muito além das lembranças das circunstâncias de sua criação, que lhe fazem perceber toda a nobreza de sua origem. Mas, o homem só adquire o que deseja ao consultar a natureza, a razão e a justiça; a primeira é a porta na qual deve bater, a segunda é a rota que deve seguir, e a terceira é o objetivo ao que deve aspirar. Penetrai, pois, em vós mesmos, estudai-vos e batei para serdes ouvidos; procurai na sabedoria e fora do material o que somente ela é capaz de fazer-vos achar, e pedi ao autor de toda justiça a Inteligência do que vós tiverdes de buscar e encontrar.

O homem entregue a suas paixões está nas trevas, e por ela é ofuscado: sua origem e seu fim não estão mais presentes. Ele se olvida da parte espiritual que entra em sua existência para entregar-se tão somente à parte animal e material. Ele se degrada ocupando-se tão somente do que é temporal. E enquanto permanecer neste estado de torpor, não conseguirá elevar-se acima dele, aí não consegue enxergar nada, porque coloca em si mesmo um véu espesso entre a luz e ele próprio.

Mas quando o véu cai, ele apercebe, com os olhos do desejo e da confiança, o que a sua mente ofuscada pelas paixões não permitia que ele visse. Três grandes estrelas se lhe apresentam, são os três mandamentos que ele encontra gravados em seu coração...

O homem aprendera o uso dos metais como um depositário e não como uma propriedade, mas enganado pela concupiscência, abusou disso pelo uso imoderado demais que dele fez. Foi necessário deles ser despojado. Todas as paixões podem ser inocentes, elas se tornam criminosas somente pelo abuso que o homem faz delas. Ao nos conceder esses dons, dos quais fomos merecedores de ser despojados, é para nos devolver a graça de fazer bom uso dos benefícios da natureza; mas que podemos tão somente retornar aos nossos direitos com um coração puro, fruto do arrependimento e de uma boa resolução.

A excelência do homem é efetivamente apoiada sobre três colunas ou três impressões que ele encontra gravadas em seu coração, se ele quiser examiná-las; são as três virtudes teologais. Sem sua prática, todo o edifício moral desmorona. O homem está também apoiado sobre a força, a sabedoria e a beleza que representa para nós a divindade; o próprio homem e os elementos; a natureza, a razão e a justiça; o espiritual, o animal e o material; a inteligência, a concepção e a vontade, etc.

Os Aprendizes no setentrião do Templo para fazer sua obra, esperando que tenham adquirido a força e os conhecimentos dos trabalhos maçônicos, isto é, que o homem ao qual se faz entrever conhecimentos que ele acredita além do alcance de sua mente, precisa de um pouco de terris e de reflexão para acostumar-se às ideias que lhe fazem nascer essas novas noções, às quais ele crê que a razão repugna; e, frequentemente, ele toma por sua razão o corpo de consequências que seus prejuízos lhe fazem tirar de certas falsas noções que ele recebeu ou que ele se deu. Não é uma obra pequena vencer seus preconceitos e vencer sua vontade, mas não é também um sacrífico maior, necessário e anterior para adquirir novos conhecimentos.

Porém, esses novos conhecimentos só aparecerão ao candidato como uma pedra bruta entre as mãos de um maçom prático. Esta pedra é informe, seus conhecimentos também o são. Os primeiros golpes de cinzel dados sobre esta pedra, ainda que desbastando-a, não parecia dar-lhe ainda nenhuma forma; da mesma forma que nossas primeiras pesquisas sobre uma verdade envolvida não nos dá ainda nada de positivo. Mas, infalivelmente, com desejo, amor e confiança, o verdadeiro maçom empreenderá um caminho para a perfeição como o da prática poderá chegar a modelar sua pedra nas justas e requeridas proporções. A ignorância ou o erro lhe farão ver o que busca como um caos que ele ainda é incapaz de decompor, como ainda uma luz envolvida pelas mais espessas trevas, que é preciso dissipar. É necessário tempo e reflexão para desenrolar novas ideias, vencer os preconceitos e adotar novas noções sobre os objetos que o espírito inimigo da matéria não pôde deixar de supor para aqueles que o negligenciaram.

A recompensa sendo proporcionada de acordo com o mérito de cada um, o homem que ainda não está no caso em que falamos, não pode pretender razoavelmente a uma satisfação além de seu mérito atual. Há vários lugares no templo; a coluna J. é destinada ao ranque dos verdadeiros aprendizes, ela significa confiança em Deus.

Ah! E já não há aí, de fato, uma grande recompensa que a de ter conseguido colocar toda nossa confiança naquele do qual nós recebemos tudo! Quem além dele pode nos dar nossa recompensa? Já sabemos que um outro semelhante a ele nos enganou, e que de maneira vã nós buscamos fora dele o que estava tão somente nele. É, então, nesse estado de um sincero retorno a ele – ainda que o homem receba seu salário, pois, quando este retorno é realmente sincero, é infalivelmente seguido de uma suave emoção que é mais fácil de sentir do que expressá-la. Sabe-se bem que não se chegou ao fim de sua carreira, mas que, pelo menos, a satisfação tende a ser vista na única rota que a ela conduz e, ainda que um pouco afastada da luz, ela é tão grande que clareia qualquer um na busca sincera.

Relegados à parte setentrional do pórtico do templo, isto é, ainda absorvidos pela lembrança de nossos erros e faltas, ainda cercados pelas consequências de nossa prevaricação, só podemos receber nosso salário sob três condições que são: o arrependimento, a penitência e a confissão de nossa falta, que pelo sinal do quádruplo esquadro que é só pode nos ser representado por um sincero exercício do culto que nos é prescrito, e um santo uso da prece que nos é ensinada.

Para terminar este discurso, convenhamos, meus irmãos, que o homem só pode receber esta graça, este favor insigne desejado por todos, ainda que pouco conhecida, que, ao querer absolutamente sair das trevas e do erro, ele procura de boa fé a sólida luz; que indignado contra si mesmo por sua presunção, ele quererá seguir somente a virtude e que, persuadido da existência de um ser perfeito, ele só depositará a confiança somente em si, no qual reside a verdadeira loja, justa e perfeita, a força, a sabedoria e a beleza.

O aprendiz que só sabe com esforço soletrar e não sabe escrever nada, representa para nós o homem tímido observador da lei que quer seguir; ele não consegue fazer um plano fixo de seus deveres, nem uma aplicação justa de seus conhecimentos. Saindo das trevas da ignorância e do erro, ele só pode acostumar-se pouco a pouco às novas noções que nos são feitas entrever, e das quais não se pode, a não ser por graus, fazer uma ideia justa e sequencial.

Este número três não teria relação com os três mandamentos, com as três virtudes teologais, com as três pessoas da trindade, em alguma época e em alguma aliança?

A luz preside no trabalho, as trevas no repouso. Tudo o que o homem faz deve ser digno da luz, e a partir do instante que ele busca as trevas, tal qual o primeiro homem, ele mostra a perturbação de sua consciência. É, aliás, sempre ocasião de fazer o bem, uma vez que está sempre acima do meio-dia para se colocar ao trabalho. A partir do momento em que procuramos a luz, nós a encontramos; o desencorajamento é uma verdadeira renúncia à luz.

Fonte de pesquisa:///D|/DISCO D/Esoterismo/maçonaria/ARCHIVES SECRÈTES Lyon.htm (1 de 7)20-04-2007 18:43:35 - ARCHIVES SECRÈTES

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